Roland Barthes
03/08/15 a 17/11/15
“Por sua origem biológica, o estilo se situa fora da arte, i.e., fora do pacto que liga o escritor à sociedade. Pode-se então imaginar autores que preferem a segurança da arte à solidão do estilo. O tipo mesmo de escritor sem estilo é Gide, cuja maneira artesanal explora o prazer moderno de certo etos clássico, tal como Saint-Saëns refez Bach ou Poulenc refez Schubert.”
Mallarmé Mérimée
Mesmerize Marmelade
In your size, on your side, arise the Lady.
Próspera e Má
“Tendo-se retirado do francês falado, o <passé simple>, pedra angular da Narrativa, indica sempre uma arte; faz parte de um ritual das Belas-Letras.”
“A Literatura é como o fósforo: brilha mais no momento em que tenta morrer.”
“por trás de cada palavra da poesia moderna subjaz uma espécie de geologia existencial”
“não há humanismo poético da modernidade” “há apenas estilos sem sociabilidade”
“<A forma custa caro>, dizia Valéry quando lhe perguntavam por que ele não publicava os seus cursos do Collège de France.”
“A escrita neutra é um fato tardio, só será inventada bem depois do realismo, por autores como Camus, menos sob o efeito de uma estética do refúgio do que pela busca de uma escrita finalmente inocente. A escrita realista está longe de ser neutra, ela está ao contrário carregada dos sinais mais espetaculares da fabricação.”
Qual é verdadeiramente a minha necessidade de advérbios?
Garaudy, o escritor realista medíocre.
mudança sim tática à la @jetrotal
“Mallarmé, espécie de Hamlet da escrita, exprime bem esse momento frágil da História, em que a linguagem literária não se mantém a não ser para melhor cantar a sua necessidade de morrer. Essa linguagem mallarmeana é Orfeu que só pode salvar aquilo que ama pela renúncia”
“Essa [escrita branca ou] palavra transparente, inaugurada pelo Estrangeiro (l’Étranger) de Camus, realiza um estilo da ausência que é quase uma ausência ideal do estilo (…) modo negativo (…)” nada de elegância ou ornamentação Out with Time(p)OWT tô ponto
tu
(r)ando
a situ
ação
pronto soco roxo uê—uên…
O homem no ponto cego certo, fazer o quê?
So corageous!
P. 75 – Contra-Pablo: “Vê-se que uma obra-prima moderna é impossível, por estar o escritor colocado em sua escrita numa contradição sem saída: ou o objeto da obra está ingenuamente concorde com as convenções da forma, a literatura permanece surda à nossa História presente e o mito literário não é ultrapassado; ou o escritor reconhece o vasto frescor do mundo presente, mas para prestar conta dele só dispõe de uma linguagem esplêndida e morta”
“Como a arte moderna em sua totalidade, a escrita literária porta ao mesmo tempo a alienação da História e o sonho da História”
“A contestação de La Rochefoucauld, ao mesmo tempo áspera e inadequada, define bastante bem os limites que uma casta deve dar à sua própria interrogação se a quer a uma só vez purificadora e sem perigo: os limites mesmo do que 3 séculos mais tarde se chamará psicologia.”
“Quem sou? é a pergunta permanentemente formulada pelo herói raciniano, Erífilo, p. ex., que não cessa de querer conhecer-se e que morre disso”
P. 126: “A que a Vida de Rancé pode nos converter, nós que lemos Marx, Nietzsche, Freud, Sartre, Genet ou Blanchot?” (Chateaubriand)
“Aos 29 anos, antes de se converter, Chateaubriand escreveu: <Morramos por completo por temor de sofrer noutro lugar. Esta vida deve corrigir da mania de ser.>”
“o tédio é a expressão de um tempo a mais, de uma vida a mais.”
“(Deus é um meio cômodo para falar do nada)”
“escrever: só a escrita pode dar um sentido ao insignificante” Anti-Tharscylla
“a existência não é mais regulada pela fisiologia, mas pela memória; desde que esta pode coordenar, estruturar (isso pode acontecer na tenra juventude), a existência se torna destino, mas por esse fato mesmo termina, pois o destino nunca se pode conjugar a não ser no passado anterior, ele é um tempo fechado.” Anti-Graça
“a lembrança é o início da escrita e a escrita é por sua vez o começo da morte (por mais jovem que se seja ao empreendê-la).” “(escrever não é falar)”
PRINCÍPIO NÃO-MATEMÁTICO:
Se você é um bilhão ou um, qual é a diferença? Um bilhão.
No Princípio era o cérebro hiper-desenvolvido imperfeito marchando sob um sol em perpétuo âcender e declínio.
Meu tornozelo já dói
Pura vaidade
Idade de ouro puro
Valor absoluto
Um metro um pouco impreciso
De água pra viver, quando não sou dissoluto
Água e óleo talvez se misturem
Sob a limpeza cristalina da consciência do álcool
Molécula de dor
Tem de ter um conteúdo por trás da frondosa forma, esta é minha sina.
“sua conversão religiosa (de juventude), ele converteu-a imediatamente em Literatura (O Gênio do Cristianismo)”
“a alma <sensível> está condenada à palavra, e por conseguinte ao teatro mesmo dessa palavra. Essa contradição vem rondando há quase 2 séculos os nossos escritores.” “O escritor moderno é e não é Abraão: deve estar ao mesmo tempo fora da moral e na linguagem: tem de fazer o geral com o irredutível, reencontrar a amoralidade de sua existência através da generalidade moral da linguagem.” “Para que ela serve então? (…) para sofrer menos.” Menos é mais, que não obstante acaba por ser mesmo menos!
“é a linguagem que renova o patético”
Desistir de escrever “o meu grande livro” foi importante para que eu reouvesse a felicidade. Como despir a armadura de cavaleiro de uma guerra jamais batalhada.
“viverá o bastante para escrever a sua obra? Sim, se consentir em se retirar do mundo, em perder a sua vida mundana para salvar a sua vida de escritor.”
Passagens estranhamente profético-nostálgicas:
“e como a do narrador, essa iniciação negativa, por assim dizer, se faz através de certa experiência da Literatura: os livros dos outros fascinaram, depois decepcionaram Proust, como os de Bergotte ou dos Goncourt [os outros dos outros] fascinaram e decepcionaram o narrador”
“uma ilusão e uma decepção; desses dois momentos nasce a verdade, isto é, a escrita”
“contar nunca é mais do que interligar, por processo metonímico, um número reduzido de unidades plenas”
Platão – Crátilo
SYLVIECOLA
Sylvieolentar estará perdida Kevin ho, quer vir medes afiar? VieSyl da vida. Vi se o amor ia durar. Viajando.
Rafaeldorado
SylvieVicious e Punkyndie
“os franceses estão habituados por sua cultura escolar, essencialmente escrita, a perceber uma oposição tirânica entre as rimas masculinas e femininas, sentidas as primeiras como breves e as outras como longas. (…) Toda a poesia francesa tradicional, desde o séc. XVI, impõe a regra da <alternância das rimas>, ou seja, a uma rima <masculina> deve suceder obrigatoriamente uma rima <feminina>”
“a função poética, no sentido mais amplo do termo, poderia definir-se assim por uma consciência cratiliana [que os nomes têm poder maior do que a convenção] dos signos e o escritor seria o recitante desse grande mito secular que quer que a linguagem imite as idéias e que, contrariamente às precisões da ciência lingüística, os signos sejam motivados.”
“Rousseau trabalhou o Émile durante 3 anos” “o estilo, para Flaubert, é a dor absoluta” “Proust acrescenta sem fim [sou mais ele!]; Flaubert retira, rasura”
IDÉIA GENIAL: making of das alterações promovidas para publicação a ser postado no blog, para meu sonhado livro. Metalinguagem 1000! Um excelso consolo aos pães-duros e um pedido de desculpas necessário ao “meio” que me catapulotou-catapultará!
Alguém seria tentado a evocar Joseph Mitchell e Joe Gould nestes momentos…
Florentin – Dominique
“Castrado, o macho tem direito a atitudes geralmente reputadas femininas: cai de joelhos (diante da mulher vingadora, castradora, cuja mão está falicamente levantada num gesto de intimidação), desmaia, (<Cai rígido por terra>). Uma vez barrado o sexo, a fisiologia se torna luxuriante”
“<Madeleine está perdida e eu a amo!>, exclama Dominique; há que se ler o contrário: eu amo Madeleine porque ela está perdida; é, de acordo com o velho mito de Orfeu, a própria perda que define o amor.”
“Essa separação entre o saber e a espera é próprio da tragédia: lendo Sófocles, toda gente sabe que Édipo matou o pai mas toda gente estremece por não sabê-lo.”
“uma vida conformista é detestável quando estamos em estado de vigília; mas, nos momentos de fadiga, de derreamento, no mais forte da alienação urbana ou da vertigem da linguagem da relação humana, um sonho passadista é impossível”
“dizer nada é logo preencher o nada, desmenti-lo” “É necessário então trapacear. O nada só pode ser assumido pelo discurso de maneira enviesada, à bandoleira, por uma espécie de alusão deceptiva.”
NADOSTALGIA: “fala-se do tempo para não dizer nada: estou falando com você, você existe para mim, quero existir para você (assim é uma atitude falsamente superior a de zombar do tempo que está fazendo); o tempo remete a uma espécie de existência complexa do mundo (daquilo que é) (…) o meu corpo está presente, sentindo-se existir (sem falar das conotações felizes ou tristes do tempo, conforme favoreça nosso projeto do dia)”
“Prefiro que a minha alma minta a que mintam os meus trajes!”
“o sujeito contraditório, o homem jovem e muito sábio, que a antiga retórica exaltava – verdadeira impossibilidade da natureza – sob o nome de puer senilis: com as características de todas as idades, fora do tempo porque os possui a todos de uma só vez.”